Cabanos e Camaradas

Alfredo Oliveira lança livro sobre movimento comunista paraense: 

Cabanos & Camaradas

Na última terça feira (4 de maio) foi lançado no hall da Assembléia Legislativa, o livro Cabanos & Camaradas, de autoria do veterano comunista Alfredo Oliveira, com mais de 700 páginas, contando a história do movimento comunista paraense, especialmente quadros e dirigentes que militaram no PCB, o Partidão. Alfredo Oliveira, médico aposentado, ingresso na militância em 1958, recrutado no movimento estudantil por Humberto Lopes, natural do CE, e que por determinação do Comitê Central do Partidão, veio reorganizar o Partido no Estado, atuando como Secretário Político entre 58 e 64, até ser preso no dia 31 de março, ao lado da sede da UAP, na Av. José Malcher.

O Livro narra as lutas do povo desde a Cabanagem, a formação dos primeiras organizações operárias, até a fundação do Partido no Estado antes de 1930. A partir daí, o livro passa a mostrar as contradições vividas pelos nossos primeiros camaradas, em apoiar ou não o governo de Magalhães Barata, e o surgimento da Aliança Libertadora Nacional (ALN), o início da militancia de João Amazonas, Pedro Pomar, Dalcídio Jurandir, Eneida de Moraes, entre outros. (Foto abaixo o veterno dirigente comunista Sá Pereira)
O livro mostra com detalhes a reorganização do Partido após o fim da 2º Guerra Mundial, o ascenso com a chegada de Humberto Lopes, a cooptação de Ruy Barata e Raimundo Jinkiings, que seria então o mais longo Secretário Político, entre 1965 e 1995, ou seja, 30 anos, sendo sucedido por Leila, sua filha. Esta por sua vez conduz o Partido por mais 10 anos até mudar-se para Brasília, e por discordância da linha política, se filia no PCdoB, o que no entendimento do autor, significa o fim do PCB no Estado.


A cereja do bolo: o melhor do livro no entanto são as bibliografias. São quase 100 Camaradas que tiveram sua militancia esquadrinhada pelo autor, entre eles o Senador Abel Chermont (que foi depois suplente de Prestes na Constituinte de 46!), Ruy barata, Raimundo Jinkings, Imbiriba da Rocha, Mario Manito, Benedito Monteiro, Almir Gabriel, Osvaldo Coelho, Sá Pereira, e dezenas e dezenas de militantes comunistas, que atuaram nas frentes de massa, institucional, de idéias, nos anos 30, 40, 50, 60 70, 80, alguns por quase 50 anos, enfim o mais rico manancial que existe sobre a história do movimento comunista paraense. Alguns dados da bibliografia de João Amazonas e Pedro Pomar contidas na obra, são dados novos, e que lançam luzes sobre a militãncia desses gigantes Comunistas, que reorganizaram o nosso Partido em 1962, após Prestes e sua turma terem embarcado na canoa revisionista e na aliança com a bruguesia nacional, fundado no famoso Manifesto de Março de 1958.
Questionado o porque da ausência de importantes quadros do PCdoB entre os bibliografados, como Paulo Fonteles e Neuton Miranda, Alfredo Oliveira, muito simpático, nos disse que o livro "era uma tarefa que tinha como alcançe o Partidão, mais que tinha muito apreço pelo PCdoB, pelo Paulo e pelo Neuton".

Foi uma noite muito emocionante, centenas de Comunistas presentes, dezenas deles, com mais de 70 anos! Vários deles com hitórias incríveis de lutas, suor e sangue! Foi um encontro também de gerações, haviam jovens, que acreditam que o socialimo é o rumo da humanidade! Pelo PCdoB estiveram presente os camaradas Jorge Lopes de Farias e Mario Hesket

http://blogdoacaibelem.blogspot.com.br/2010/05/alfredo-oliveira-lanca-livro-sobre.html


Livro narra histórias sobre comunistas no Pará

Cabanos e camaradas Alfredo Oliveira conta histórias da presença comunista no Pará


A realidade da Santa Casa de Misericórdia de Belém de 1958 não era muito diferente da que existe hoje. A população carente penava para conseguir um atendimento digno, morria abandonada pelo poder público, que pouco ou nada fazia para melhorar a vida dos mais necessitados. Foi ao deparar com este cenário caótico que o jovem estudante de medicina Alfredo Oliveira decidiu fazer algo que tentasse reverter essa situação.

A atitude de Alfredo foi engajar-se politicamente. Influenciado pela literatura sobre revolução social encontrada na biblioteca de seu pai, Ubirajara Moraes de Oliveira, decidiu entrar para o “Partidão”, o Partido Comunista Brasileiro (PCB). A partir daí, Alfredo nunca mais abandonou o partido, acompanhando de perto os percalços que ele sofreria ao longo do período da ditadura militar. Atuou perto de personalidades como Ruy Barata, Benedicto Monteiro, Raimundo Jinkings, Levi Hall de Moura e até Dalcídio Jurandir.

Agora Alfredo Oliveira une suas memórias a uma intensa pesquisa para produzir o livro “Cabanos & Camaradas”, onde ele relata em 700 páginas a presença das ideias revolucionárias no Pará desde a Cabanagem até a chegada do PCB ao estado. A publicação, elaborada e impressa sem nenhum tipo de apoio ou patrocínio, será lançada na próxima terça-feira (4), durante uma noite de autógrafos no hall da Assembleia Legislativa do Pará.

Esta é a 11ª obra de Alfredo Oliveira, que sempre gostou de escrever sobre fatos e pessoas relevantes para a história do Pará. Ele é o autor de obras como “Ritmos e Cantares” (1999) e “Carnaval Paraense” (2006), livros-referência nos assuntos que tratam.

“Cabanos & Camaradas” foi escrito para atender aos pedidos de “camaradas” de Alfredo. “Assumi o compromisso de fazer esta obra. Pena que alguns dos meus camaradas que pediram para eu escrever este livro não estejam mais vivos”, diz o autor.


De Eduardo Angelim a Karl Marx

Alfredo Oliveira aborda desde a importância do movimento da Cabanagem ao surgimento do PCB no Pará 

Alfredo Oliveira começou a pesquisar há cinco anos. Iniciou pelo século 19, buscando falar da importância do primeiro movimento eminentemente popular do estado. “Procurei falar da Cabanagem sob a ótica de uma revolução popular, de ter sido a primeira luta pela conquista da cidadania para os filhos da terra. Este movimento também foi fundamental para se criar a consciência de uma Amazônia brasileira. É importante ressaltar a importância deste movimento porque, por muito tempo, a Cabanagem foi vista como um ato de banditismo. Um exemplo são certos nomes de ruas de Belém, como a 13 de Maio. Muitos pensam que se trata de uma homenagem a abolição da escravatura, mas não, é uma homenagem ao dia da derrota dos cabanos. Este dia chegou a ser feriado estadual por vários anos”, conta. Após a Cabanagem, Alfredo aborda a presença de ideias pré-marxistas (como o anarquismo e o anarco-sindicalismo) no Pará, já no final do século 19.


PCB


Já no século 20, Alfredo fala do surgimento do PCB no estado, em 1931. Para relatar a presença e a atuação comunista no Pará, Alfredo contou, além de sua própria memória, com o depoimento de diversas pessoas que fizeram parte do movimento ao longo dos anos, com o acervo de arquivos públicos, principalmente o do Rio de Janeiro. “Tive que viajar para fora do estado para entrevistar algumas pessoas, muitas já em idade avançada. Nos arquivos públicos garimpei os relatórios policiais sobre as atividades do PCB no Pará. Muitas das versões da polícia não condiziam com a realidade, para acusar os comunistas de atividade subversiva, mas foram importantes para eu obter datas, fatos e os nomes das pessoas envolvidas”, diz Alfredo. 

Entre os fatos relatados por Alfredo estão os efeitos da revolução de 1930 em Belém, a revolta constitucionalista de 1932 em Óbidos e Belém, a derrubada de Magalhães Barata em 1935, a renúncia de Jânio Quadros em 1961, o golpe militar de 1964 e o período de chumbo da ditadura. “O que mais me comoveu foi a coragem dos militantes frente a repressão, a bravura deles”, enfatiza. A obra ainda aborda a influência no Pará de movimentos mais recentes, como a queda do muro de Berlim.

Para Alfredo, tudo valeu a pena. “A participação do PCB no estado foi muito rica. O movimento foi composto de personalidades importantes em todas as áreas, como Dalcídio Jurandir, Eneida de Moraes, Ruy Barata, Henrique Santiago e Imbiriba da Rocha. Continuo achando que se pode pensar em uma sociedade socialista, mas em um socialismo renovado e democrático”, finaliza.


QUEM É ALFREDO OLIVEIRA

Alfredo Carlos Cunha de Oliveira é médico, escritor e compositor. Tem 11 livros publicados e é autor de diversos sambas-enredo. Tem mais de 60 músicas gravadas por grandes nomes nacionais e regionais, como Fafá de Belém, Sebastião Tapajós, Jane Duboc, Leila Pinheiro, Neguinho da Beija-flor, Zé Renato, Flávio Venturini, entre outros. Ainda estudante, em 1958, passou a integrar a militância ideológica do PCB.


LIVROS PUBLICADOS


O touro passa? (1981)

Belém, Belém (1983)

Paranatinga (1984)

A pedra verde (1986)

Ruy Guilherme Paranatinga Barata (1990)

A partir da ilha (1991)

Ritmos e cantares (1999)

Almir Gabriel, trajetória e pensamento (2002)

Além dos deveres (2006)

Carnaval Paraense (2006)

Cabanos & Camaradas (2009)

SERVIÇO

Lançamento do livro “Cabanos & Camaradas”, de Alfredo Oliveira. Terça-feira, 4 de maio de 2010, às 19h, no hall de entrada da Assembleia Legislativa do Pará (Rua do Aveiro, nº130 - Praça Dom Pedro II - Cidade Velha). Valor do livro: R$ 30.
(Diário do Pará)
http://www.diariodopara.com.br/impressao.php?idnot=88359

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu vou procurar adquirir um. Meu pai foi desse partido. Hoje já não é mais, porque discorda pra onde o partido rumou. Ele se filiou ao PT, que para ele é hoje um orgulho, de ter sido trabalhador e ter lutado e hoje ele se ve no governo. Vibra com as conquistas do proune, do bolsa família, que na rua dele ajudou muito menino, essas coisas. Obrigada por ter colocado essa informação aqui.
Um beijo da Eliete