sábado, 6 de setembro de 2008

Parabéns, Velho Jinkings


Fala, Velho Jinkings! Parabéns!

Era assim que eu queria dar um grande abraço no meu velho-pai-camarada. E era assim que ele ia receber muitos abraços de amigos de todas as classes, idades e níveis culturais.

A facilidade dele tratar com diferentes, respeitando e sendo respeitado por todos - mesmo o mais ferrenho opositor (inimigo, não acredito que tivesse) - talvez seja a qualidade dele que mais me marcou e que eu mais admiro, até hoje. Quantas vezes vi meus amigos da turma jovem dos movimentos estudantis, sociedade de direitos humanos, etc., criticá-lo por ser "reformista", enquanto eles queriam derrubar a ditadura com discursos inflamados (às vezes, nas mesas dos bares). E ele, sempre com calma, explicava com convicção, segurança, firmeza, mas com a paciência de um mestre, como devia ser o processo.

A tranqüilidade dele em todos os momentos, o auto-controle me enchiam de orgulho. Lembro uma vez - eu devia ter uns nove anos, acho - que eu estava brincando na rua e tive alguma briguinha com outro moleque da vizinhança e o babaca do pai dele veio me ameaçar, dizendo que "enrolava meu pai como uma bobina de rádio..". Fiquei muito puto e fui contar pro velho. Ele não disse uma palavra; calçou os sapatos (estava descansando após o almoço, acho), vestiu uma camisa e foi lá. O otário do vizinho ficou pálido, gaguejando que eu tinha entendido mal, que ele tinha dito que me enrolava, não ao meu pai... Voltei pra casa cheio de orgulho; orgulho maior do que se o velho tivesse dado umas porradas naquele babaca...

O abraço não vou poder dar. Mas posso dizer, mais uma vez:

Parabéns, Velho Jinkings!
Obrigado por ser teu filho!
Obrigado pelos teus exemplos!
Se eu conseguir passar pros meus filhos um pouco do que recebi, já vai ajudá-los a levar a vida com a simplicidade e a firmeza de caráter que eu sempre admirei em ti, pai!

Beijo do Toninho
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