sábado, 17 de abril de 2010
segunda-feira, 29 de março de 2010
Mãe reconhece luta de Cuba para salvar o filho preso da morte
Mãe reconhece luta de Cuba para salvar o filho preso da morte
Veja reportagem do noticiário nacional de televisão cubano que revela detalhes do atendimento médico a Orlando Zapata Tamayo, morto em 23 de fevereiro depois de prolongado jejum voluntário em uma prisão da Ilha. No vídeo, a mãe de Zapata, Reina Tamayo, reconhece o tratamento qualificado e dedicação da equipe médica que cuidava do filho. Por outro lado, conversas telefônicas de contrarrevolucionários revelam a torcida pela morte de Zapata e nenhuma preocupação em salvar sua vida.
Orlando Zapata Tamayo começou sua greve de fome cerca de 80 dias antes de sua morte. O jejum iniciou por uma cozinha, um telefone e uma televisão em sua cela. A decisão também foi orientada por forças políticas contrárias ao socialismo em Cuba. Não existem imagens expressando preocupação por parte dos contrarrevolucionários com o perigo de morte que o colega corria.
A mídia tem dado ampla cobertura a todos eventos de campanha contra o socialismo em Cuba, inclusive as manifestações de oposição ao governo do presidente Raúl Castro de que participa a mãe de Zapata. Porém, as declarações públicas de Reina Tamayo sobre a luta dos médicos cubanos para salvar a vida de seu filho permanecem ocultas nos grandes veículos mídiáticos.
“No mar das Antilhas, a Ilha aparece forte e bonita, com uma história de respeito aos seres humanos de seu país e do mundo. Não aceita chantagens, nem mentiras. Sempre amando, porém, com o punho erguido para defender a verdade e a vida”, conclui a reportagem do Cubadebate.
Fonte: Cubadebate, texto e legendas para o português brasileiro da TV Vermelho.
Vídeo original: em espanhol
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quarta-feira, 24 de março de 2010
domingo, 28 de fevereiro de 2010
Jinkings: Um Amigo dos Livros e um Livro Perdido

De: joao carlos
Assunto: Re: amigo dos livros
Para: "Isa Jinkings"
Data: Quarta-feira, 24 de Fevereiro de 2010, 23:03
Querida D. Isa,
penso que, na vida, logo depois do amor, o sentimento que mais nos aproxima de Deus é a gratidão.
Sou - e todos os amigos da Livraria Jinkings deveriam ser - imensamente agradecido(s) ao saudoso sr. Jinkings e a vocês, sua família.
Se pude ter livros é porque vocês me permitiram comprá-los, numa época de pouco dinheiro. Meu primeiro livro, comprado com a pequena mesada que recebia, saiu do balcão que havia na garagem de sua casa. Me lembro do "seu" (do nosso) Jinkings, sempre atarefado, sempre preocupado em dar atenção a todos. Recordo, como se fosse hoje, de uma conversa que papai teve com ele. Eu era menino e escutei isto:
- Jinkings, a coisa não está boa em São Paulo.
- Joel, onde faltam direitos humanos, nunca a coisa pode estar boa.
Essas frases ficaram na minha memória, porque foi a primeira vez que ouvi a expressão "direitos humanos". Isso aconteceu por volta de 1968.
A simples, mas muito verdadeira, homenagem que prestei a este grande humanista teve o propósito de despertar consciências. Gostaria (e vou dizir isto a ele) que o Arnaldo Jordy apresentasse um projeto de lei, para a criação de uma estátua de bronze, em tamanho natural, a ser instalada ao lado da de Ruy Barata, no Parque. É o mínimo que se pode fazer pela memória de Raimundo Jinkings.
Se pude, nesta vida, trabalhar pela cultura de nossa terra, muito devo aos livros que li e que foram comprados (em suaves prestações) na Livraria Jinkings.
Receba, Dona Isa, e peço que transmita ao Álvaro, ao Toninho, à Leila e a todos que estavam à frente da Livraria (como esquecer do Ronaldo e da Cleo?) o meu carinho e a minha imensa gratidão.
Com muito afeto
João Carlos
----- Original Message -----
From: Isa Jinkings
Sent: Wednesday, February 24, 2010 8:41 PM
Subject: amigo dos livros
Meu querido João Carlos,
Li com emoção tua linda crônica de segunda-feira.
Te vimos crescer e acompanhamos teu desenvolvimento intelectual, as vitórias que vens acumulando, tua inegável simplicidade.
A amizade e o respeito que nutríamos por teu pai são os mesmos que te dedicamos.
E saber que pessoas como tu cultuam a memória de nosso Jinkings nos conforta muito.
Obrigada, em nome da família, e um grande abraço da amiga
Isa Jinkings.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
LULA - O Filho do Brasil - Trailer
Lula, o Filho do Brasil
A história de um homem comum, sua família e a extraordinária capacidade de superar dificuldades.
Com direção de Fábio Barreto (O Quatrilho), e baseado no livro homônimo de Denise Paraná, Lula, o Filho do Brasil traz para as telas o percurso de Luiz Inácio Lula da Silva, do seu nascimento, em 1945, até 1980, quando era um líder sindical consagrado. A data marca também a morte de uma pessoa extremamente influente em sua vida e em sua forma de pensar: Dona Lindu (Eurídice Ferreira de Mello), que criou oito filhos, sozinha, e tinha como lema "Nesta família ninguém vai ser ladrão ou prostituta". E cumpriu.
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
A arte de Kseniya
A artista ucraniana Kseniya Simonova usa uma caixa de luz, imaginação e muita criatividade na produção de animações em areia. Emociona ao dramatizar a invasão e ocupação da Ucrânia pela Alemanha, na segunda Guerra Mundial.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Trailer Cidadão Boilesen

Eis que os arquivos começam a emergir. A História precisa ser restaurada e a nossa memória resgatada.
Recebemos de Nanda:
Em editorial na edição de 24 de dezembro de 2009, o Jornal do Brasil comenta o filme Cidadão Boilesen, chamando a atenção para a coincidência de seu lançamento, com o momento em que o governo federal detalha suas propostas do Programa Nacional de Direitos Humanos e a criação da Comissão Nacional da Verdade, que analisaria as violações ocorridas durante a ditadura civil-militar de 1964.
No editorial o JB também colhe depoimento do dirigente da ALN, Carlos Eugênio Paz, líder na ação que fuzilou o industrial dinamarquês Henning Albert Boilesen, em 15 de abril de 1971. No depoimento, Carlos Eugênio Paz afirma, que faria tudo de novo, se as circunstâncias fossem as mesmas.
Atualmente filiado ao PSB e colaborador do MST, Paz sustenta, que a Aliança Libertadora Nacional (ALN), não tinha dúvidas do envolvimento do empresário com as mortes de companheiros de luta nos porões da ditadura assim como do hábito que ele tinha de participar pessoalmente das sessões de tortura, na sede do DOI-Codi de São Paulo. “Na guerra a gente usa as armas da guerra, na paz as armas da paz. Ele estava do outro lado e fez a opção dele. Não era um inocente. Não há do que se arrepender” diz Carlos Eugênio Paz.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
FALTA O RECONHECIMENTO
As postagens abaixo são do Blog do Barata, jornalista paraense. A homenagem comoveu a família. Obrigado ao jornalista. O Governo do Pará
não rendeu homenagem a Raimundo Jinkings, cujas algumas lembranças da contribuição inestimável de Jinkings, foram postadas pelo jornalista.O jornalista e livreiro Raimundo Jinkings dedicou sua vida ao Pará e à luta por um mundo mais justo. Como lembra Barata, Raimundo Jinkings e Neyro Rodarte foram pioneiros nas Feiras de Livros, sempre com o esforço de levar a boa literatura ao maior número de leitores possível. Uma citação que costumava colocar em um cartazinho nas feiras diz muito:
domingo, 8 de novembro de 2009
LITERATURA - Polícia na feira
Como encontraram vagões de trem, deixados pelo 1º Comando Aéreo Regional, que acabara de realizar uma exposição na praça da República e ainda não removera-os, alguns livreiros decidiram também utilizá-los para abrigar seus livros. Com tudo pronto, alguns (poucos) livreiros aproveitaram para incluir, no vasto elenco de livros expostos, alguns títulos que estavam censurados e com a venda proibida. Foi a senha para o dedo-duro que inviabilizou a feira, ao denunciar e venda de livros proibidos.
A denúncia foi feita ao comandante do 1º Comar, que acionou à Polícia Federal. Esta empastelou a feira, apreendeu livros e esfarinhou os planos de Raimundo Antônio Jinkings e Neiro Rodarte. O dedo-duro teria sido um modesto livreiro, com representações de editoras sem grande expressão e por isso incomodado com aqueles que dispunham de catálogos mais alentados. No caso, a miséria humana, na forma da inveja e do arrivismo, serviu de combustível para fazer recrudescer a intolerância.
Postado por Augusto Barata às 03:07
0 comentários:
domingo, 8 de novembro de 2009
LITERATURA - Tempos sombrios
Tempos sombrios eram também aqueles, de 1981. Naquela altura, a linha-dura do regime militar fustigava o governo do general-presidente João Figueiredo, resistindo à abertura política e ameaçando, com seus atos terroristas e manifestações de intolerâncias, a redemocratização do país. Aqui, o governo Alacid Nunes, cujo secretário de Cultura era um comerciante que em suas origens havia sido representante de laboratório, mostrava-se um terreno infértil para a idéia de dar apoio oficial a feiras do livro.
Foi sob esse cenário que um grupo de livreiros, à frente Raimundo Antônio Jinkings e Neiro Rodarte, decidiu realizar a primeira Feira do Livro de Belém, que acabaria empastelada pela Polícia Federal, então a serviço da repressão da ditadura militar. Feita sem nenhum apoio oficial e montada em plena praça da República, a feira seria realizada em um fim de semana, utilizando barracas de campanha ironicamente cedidas pelo Exército. Essa inusitada parceria com o Exército talvez encontre explicação na participação de Neiro Rodarte, politicamente um liberal, no melhor sentido do termo, que seduz pela elegância, com uma urbanidade incomum por esses agrestes trópicos.
Postado por Augusto Barata às 03:08
2 comentários:
Anônimo disse...
Eu lembro dessa iniciativa lá na Praça da República, e também do Neyro e do Jinks tentando implantar aqui em Belém uma feira semelhante a que já havia em São Paulo e Rio de Janeiro. é verdade Barata, não podemos esquecer de como tudo começou.
8 de Novembro de 2009 21:52
Anônimo disse...
OS QUE DESBRAVARAM A FEIRA, INICIARAM UM PROCESSO HISTORICO IMPORTANTE.IMAGINE QUE NAO TINHAM APOIO NENHUM, NEM LUGAR ADEQUADO! E OLHA SÓ, ISSO MOSTRA QUE VONTADE PODE TUDO.ELES FORAM CORAJOSOS.UM BOM COMEÇO AQUELE...MAIS QUE MERECIDO UMA HOMENAGEM.HOJE, A FEIRA TEM INTROMISSÕES POLITICAS DISVIRTUADAS, MAS PELO MENOS CONTINUA.OS PREÇOS É QUE NAO SAO DE FEIRA
LITERATURA - Os perigos do saber
Com os direitos políticos cassados e singrando a atividade de livreiro, após ter sido obrigado a ser feirante para sustentar a família, Jinkings, até o golpe de 1964 um bancário do Banco da Amazônia (do qual foi demitido pela ditadura militar e a ele reintegrado com a anistia, em 1989), deixava a sala de visita de sua casa na rua dos Mundurucus, onde funcionava então, precariamente, aquela que viria a ser a livraria Jinkinks, para se expor publicamente. Sim, porque particularmente no seu caso, vender o saber, uma mercadoria vista sempre com suspeita pelo regime dos generais, implicava riscos imprevisíveis.
Juntamente com ele, participava da empreitada o advogado e jornalista João Marques, o combativo presidente do Sindicato dos Jornalistas do Pará, em uma época em que não havia espaço para posturas dúbias. O dualismo da época, se pensarmos bem, compele ao reconhecimento da dignidade de João Marques, cujas eventuais contradições políticas não obscurecem o mérito de ter tido a coragem se manter sempre, como presidente do sindicato da categoria, à disposição de todo e qualquer jornalista molestado por qualquer tipo de violência e/ou constrangimento. Um triste contraponto ao (patético) presente, vamos combinar!
Postado por Augusto Barata às 03:10
1 comentários:
Anônimo disse...
Com certeza Barata, e a homenagem vai para o filhos,em especial para uma que é juíza e a outra delegada, todas muito competentes e estudiosas, tudo o que um pai espera de seus filhos.
domingo, 8 de novembro de 2009
LITERATURA - Os pioneiros das feiras
As novas gerações de leitores não têm obrigação de saber, pois são parcos os registros a respeito. Por isso convém revelar-lhes os primórdios desse suntuoso evento no qual se transformou a Feira Pan-Amazônica do Livro. E conhecer os personagens da saga que foi realizar as primeiras feiras do livro em Belém.
Em pleno auge da ditadura militar, no início dos anos 70 do século XX, os chamados anos de chumbo, quando - subvertendo o princípio jurídico da inocência presumida - qualquer suspeito era culpado até prova em contrário, Raimundo Antônio Jinkings, livreiro e lendário comunista de Belém, aproveitava o vazio do Grande Hotel, já à espera da demolição para a construção do modernoso Hilton, para realizar, no cômodo térreo localizado na esquina da rua Carlos Gomes, uma incipiente feira, com os livros vendidos a preços populares e dispostos desordenadamente.
Postado por Augusto Barata às 03:13
5 comentários:
Anônimo disse...
Barata, voce quis dizer horroroso hilton...
8 de Novembro de 2009 06:13
so pra aprovritar a deixa(esses é antiga), em icoaraci dois casaroes belos foram postos a baixo pra abrigar uma loja de departa,ento visao e um banco.Os crimes contra nosso patrimonio continum.tudo em silencio
8 de Novembro de 2009 06:15
Anônimo disse...
Barata, com certeza o seu arquivo é poderoso. Só você mesmo para lembrar desses dois pioneiros de feira do livro. Valeu pela sua "memória" e pelo registro.
8 de Novembro de 2009 14:55
Anônimo disse...
Os livros do Jinkings eram realmente muuuuuito mais barato que os preços hoje da Feira, um hooooorrror.
8 de Novembro de 2009 20:01
Mas é oportuno lembrar, como reconhecimento aos pioneiros de um passado sequer remoto, aquelas feiras que lhe foram precursoras, inclusive quando desafiavam o status quo consagrado pela ditadura militar, para que os jovens de agora não desconheçam a importância da oportunidade que lhes é oferecida. Tanto quanto é oportuno reconhecer aqueles que contribuíram em viabilizar as primeiras feiras do livro realizadas com apoio oficial, das quais participavam – ontem como hoje - nomes de expressão nacional da literatura brasileira.
E os nomes desses pioneiros não são tantos, assim, que custe lembrar. Os pioneiros em investir na realização das feiras foram Raimundo Antônio Jinkings (na foto, de pé, à esq., com Ziraldo, sentado, à dir.) e Neiro Rodarte, livreiros que marcaram época em Belém. Jinkings é morto e Neiro abandonou o ramo. Os governos estaduais tornaram-se sensíveis à pregação deles a partir da redemocratização, cujo marco é a eleição direta de Jader Barbalho, do PMDB, como governador, em 1982. A partir daí sucederam-se as feiras dos livros, nem sempre com a regularidade desejada, por conta do vaivém da gangorra do poder.
Postado por Augusto Barata às 03:16
2 comentários:
Anônimo disse...
Gostei, Barata, bem lembrado.
8 de Novembro de 2009 08:05
Conceição disse...
E o Jinkings morreu e os governos nunca fizeram uma homenagem a ele. Êta gente insensível. Homenageiam um monte de fdp e quem merece tá ái esquecido.
9 de Novembro de 2009 23:37
domingo, 8 de novembro de 2009
LITERATURA – A história das feiras em Belém
Em um país onde é lugar-comum se afirmar que o povo não tem memória, não seria fora de propósito supor que do mesmo mal padecem os seus sábios e sabidos.
A pertinente observação, feita pela jornalista Dora Karmer ao comentar os lapsos de memória determinados pelas conveniências dos poderosos de plantão, vem a propósito da recalcitrância dos organizadores da Feira Pan-Amazônica do Livro em reverenciar aqueles que figuram na gênese do evento. A realização da feira, que a propaganda oficial apresenta como a quarta maior do Brasil, merece elogios, naturalmente, e deve ser motivo de orgulho para todos nós, paraenses.
Postado por Augusto Barata às 03:21
domingo, 8 de novembro de 2009
LITERATURA – Memória, uma lacuna a preencher
Sob o signo do governo petista de Ana Júlia Carepa, a Feira Pan-Amazônica do Livro fica devendo uma homenagem aos pioneiros de eventos do gênero no Pará. A exemplo do que ocorreu durante os 12 anos de sucessivos governos do PSDB no Pará, entre 1995 e 2006.
Por isso, reproduzo nas postagens subseqüentes, com as atualizações devidas, uma tentativa de resgate da história de feiras do livro no Pará, datada de 2005 e que remete aos tempos da ditadura militar.
Postado por Augusto Barata às 03:22
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segunda-feira, 28 de setembro de 2009
TORTURADORES NÃO PODEM SER ANISTIADOS

Torturadores não podem ser anistiados, afirma juíza
A Lei de Anistia que indultou ativistas de esquerda e torturadores, em agosto de 1979, pode sofrer um revés para aqueles que praticaram torturas durante o período de exceção. Está em tramitação no STF (Supremo Tribunal Federal) uma ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) apresentada pela OAB questionando a extensão do benefício aos torturadores. A ação não considera que os crimes de tortura se enquadrem nos crimes conexos.
Lúcia Rodrigues, na revista Caros Amigos
A juíza Kenarik Boujikian Felippe também acredita que os crimes de tortura não podem ser classificados como crimes conexos, como determina a Lei de Anistia, aprovada há 30 anos. Ela argumenta que os agentes da repressão militar seviciaram nos porões do regime, violaram direitos humanos: “Tortura e estupro não podem ser caracterizados como crimes conexos, mas sim de lesa humanidade”, frisa.
Para Kenarik, um parecer favorável do STF à ação impetrada pela OAB representará uma vitória da democracia. “Essa ação é um marco para a democracia. Sua aprovação permitirá que todos os torturadores sejam processados”, destaca.
A juíza, que também é dirigente da Associação de Juízes para a Democracia, conversou com a reportagem da Caros Amigos durante a abertura da exposição A Luta pela Anistia 1964 - ?, no último sábado, 08, no Memorial da Resistência, antiga sede do Dops (Departamento de Ordem Política e Social), um dos centros de tortura mais temidos da ditadura militar.
Resgate da história
O resgate da luta e resistência ao arbítrio militar pelos ativistas de esquerda é um dos principais objetivos da mostra. Segundo o jornalista e escritor Alípio Freire, curador da exposição, não se pode falar em democracia sem se resolver questões essenciais como a punição aos torturadores.
A abertura dos arquivos, para esclarecer, inclusive, a participação de empresários que financiaram a repressão, a identificação dos corpos dos desaparecidos políticos e o indiciamento e julgamento dos responsáveis por esses crimes também são destacados pelo jornalista, como elementos essenciais para que se conquiste efetivamente a democracia.
Freire foi um dos inúmeros ativistas que passaram pelos porões do Dops, no final da década de 60. Militante da Ala Vermelha, ficou preso de 06 de setembro a 28 de novembro de 1969, vindo da Oban (Operação Bandeirante), embrião do famigerado DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna), onde já se encontrava detido desde 31 de agosto do mesmo ano.
No total, Freire permaneceu preso por cinco anos, um mês, um dia e 18 horas. “Há divergências sobre os minutos”, brinca. Ele conta que a exposição foi pensada para atingir os jovens estudantes que freqüentam o local. “Queremos mostrar que a luta valeu a pena. Passei por tudo isso e estou, aqui, inteiro. Tenho orgulho dessa história”, ressalta o curador da exposição.
O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) também aproveitou o sábado para visitar a exposição sobre a campanha pela a anistia. Valente foi ativista do MEP (Movimento de Emancipação do Proletariado), organização clandestina de combate à ditadura militar. Assim como Freire passou pelos cárceres da repressão. Sua prisão aconteceu no Rio de Janeiro, onde militava politicamente.
Valente ficou 10 dias incomunicável na sede do DOI-Codi carioca, localizado na rua Barão de Mesquita, 425, na Tijuca, zona norte. De lá seguiu para o Dops, na rua da Relação, na Lapa, zona central.
Ele também ficou preso no presídio de segurança máxima de Bangu, na zona oeste da cidade, onde permaneceu por quatro meses, e no presídio Frei Caneca, localizado no bairro do Estácio de Sá, onde esteve encarcerado mais três meses. Foi libertado seis meses antes da promulgação da Lei de Anistia, em fevereiro de 1979.
“É inaceitável que um governo dito popular mantenha os arquivos da ditadura cerrados”, critica ao se referir ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O deputado do PSOL paulista também contesta o fato de o governo federal ter excluído os familiares dos combatentes mortos na Guerrilha do Araguaia pelo Exército, no início da década de 70, das buscas por seus restos mortais.
“Os interessados na apuração dos fatos foram simplesmente excluídos das buscas. Não vamos deixar que passem uma borracha na história. Exigimos a punição dos envolvidos no caso do Araguaia e dos torturadores”, ressalta Valente.
A exposição A Luta pela Anistia 1964 - ? permanece em cartaz até 18 de outubro. A mostra traz fotos e cartazes sobre a campanha pela anistia, além de capas de jornais alternativos da época, como Companheiro, Movimento, Em Tempo, Ex 16.
Também é possível encontrar na exposição, relatórios e telegramas de agentes secretos da repressão sobre as atividades realizadas pela esquerda, endereçados ao então Delegado Geral de Polícia do Dops, Romeu Tuma, hoje senador do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) por São Paulo.
Como pensava o brasileiro
Além da iconografia e dos materiais sobre a repressão exercida pelo Dops é possível encontrar na mostra relíquias como uma pesquisa de opinião do Ibope, realizada em março de 1964, em várias capitais do país.
Nela, os brasileiros são consultados sobre temas como reforma agrária e grau de simpatia partidária. Os entrevistados também são arguidos a se manifestar como votariam caso fosse possível o então presidente João Goulart, o Jango, se candidatar à reeleição.
O Nordeste brasileiro é o que apresenta o maior percentual de apoio à reeleição de Jango. O Recife encabeça a lista com a adesão de 60% dos entrevistados, seguido de perto por Salvador, com 59% e de Fortaleza, com 57%.
Belo Horizonte e São Paulo aparecem na outra ponta da tabela. As duas cidades, respectivamente com 39% e 40%, têm o menor índice de apoio a Jango, caso este pudesse concorrer novamente ao cargo.
Quando o assunto é reforma agrária, o apoio da população brasileira à tese aumenta exponencialmente. O Rio de Janeiro lidera a lista das cidades favoráveis à repartição da terra, uma das principais bandeiras das reformas de base propostas pelo governo Jango.
Oitenta e dois porcento dos cariocas aprovavam a efetivação da reforma agrária no país. Salvador aparece na sequência com 74% de adesão. Recife e Porto Alegre vêm em seguida, empatados com 70%. Seguidos de perto por Fortaleza, com 68%, Belo Horizonte, com 67% e São Paulo, com 66%. A capital com o menor índice de aprovação à reforma agrária é Curitiba, com 61%.
O resultado para a enquete sobre o grau de simpatia partidária da população, revela o alto índice de rejeição dos nordestinos pelos partidos políticos. Sessenta e nove porcento dos moradores do Recife afirmam não simpatizar com nenhuma sigla. A cidade de Fortaleza vem na seqüência, com 55%, seguida de perto por Salvador, com 54% de rejeição.
O grau de rejeição partidária cai nos Estados do sul e sudeste Quarenta e sete por cento dos moradores de São Paulo e Curitiba declararam não ter simpatia por nenhuma legenda partidária. Dos 53% dos paulistanos que afirmaram simpatizar com algum partido, 16% citaram o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), sigla do então presidente João Goulart. O PSP (Partido Social Progressista) foi lembrado por 11% dos entrevistados. A legenda tinha como principal liderança na época o então governador paulista Ademar de Barros.
Outros partidos são lembrados por 12% da população paulistana. Mesmo não havendo referência a quais seriam esses partidos a que os eleitores se referem, provavelmente deve tratar-se do PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e PCB (Partido Comunista Brasileiro), pois é na capital paulista onde está concentrado o maior número de trabalhadores da indústria, base de atuação dos dois partidos.
O Rio de Janeiro é a capital brasileira com o maior grau de adesão partidária: 81% declararam simpatizar com algum partido. Destes, o PTB, lidera com a aprovação de 44% dos moradores do município. A UDN (União Democrática Nacional), legenda do então governador da Guanabara, Carlos Lacerda, principal adversário de Jango, aparece em 24% das respostas.
Porto Alegre segue de perto o Rio, com 80% de simpatia partidária. Destes, 62% declararam simpatizar com o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Sessenta e seis por cento dos moradores de Belo Horizonte afirmavam simpatizar com algum partido político.
A capital mineira é onde se registra o maior grau de equilíbrio entre as forças partidárias. O PTB é apontado por 23% dos entrevistados, seguido de perto pelo PSD (Partido Social Democrático), legenda de Juscelino Kubitschek, antecessor de Jango na presidência da República, com 22%. A UDN é citada por 17% dos entrevistados.
Portal Vermelho
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Ziraldo, amigo da Livrariazinha.
Incentivar o hábito da leitura é a ideia do ABZ do Ziraldo.
Apresentado pelo escritor e cartunista Ziraldo, é exibido aos domingos, às 12h, com participação de um coral infantil e de uma plateia repleta de crianças que estudam em escolas públicas.
A cada domingo, um escritor será convidado para divulgar sua obra e ser entrevistado por Ziraldo e pelas crianças.
O programa ainda abre espaço para o contador de história, com apresentação rica de objetos cênicos, acompanhamento musical e interatividade das crianças da plateia.
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Apresentado pelo escritor e cartunista Ziraldo, é exibido aos domingos, às 12h, com participação de um coral infantil e de uma plateia repleta de crianças que estudam em escolas públicas.
A cada domingo, um escritor será convidado para divulgar sua obra e ser entrevistado por Ziraldo e pelas crianças.
O programa ainda abre espaço para o contador de história, com apresentação rica de objetos cênicos, acompanhamento musical e interatividade das crianças da plateia.
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