terça-feira, 10 de novembro de 2009

FALTA O RECONHECIMENTO

As postagens abaixo são do Blog do Barata, jornalista paraense. A homenagem comoveu a família. Obrigado ao jornalista. O Governo do Pará
não rendeu homenagem a Raimundo Jinkings, cujas algumas lembranças da contribuição inestimável de Jinkings, foram postadas pelo jornalista.
O jornalista e livreiro Raimundo Jinkings dedicou sua vida ao Pará e à luta por um mundo mais justo. Como lembra Barata, Raimundo Jinkings e Neyro Rodarte foram pioneiros nas Feiras de Livros, sempre com o esforço de levar a boa literatura ao maior número de leitores possível. Uma citação que costumava colocar em um cartazinho nas feiras diz muito:

"O Livro não muda o Mundo/ O Livro muda as Pessoas/ Quem muda o Mundo são as Pessoas"

domingo, 8 de novembro de 2009
LITERATURA - Polícia na feira

Como encontraram vagões de trem, deixados pelo 1º Comando Aéreo Regional, que acabara de realizar uma exposição na praça da República e ainda não removera-os, alguns livreiros decidiram também utilizá-los para abrigar seus livros. Com tudo pronto, alguns (poucos) livreiros aproveitaram para incluir, no vasto elenco de livros expostos, alguns títulos que estavam censurados e com a venda proibida. Foi a senha para o dedo-duro que inviabilizou a feira, ao denunciar e venda de livros proibidos.

A denúncia foi feita ao comandante do 1º Comar, que acionou à Polícia Federal. Esta empastelou a feira, apreendeu livros e esfarinhou os planos de Raimundo Antônio Jinkings e Neiro Rodarte. O dedo-duro teria sido um modesto livreiro, com representações de editoras sem grande expressão e por isso incomodado com aqueles que dispunham de catálogos mais alentados. No caso, a miséria humana, na forma da inveja e do arrivismo, serviu de combustível para fazer recrudescer a intolerância.

Postado por Augusto Barata às 03:07

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domingo, 8 de novembro de 2009


LITERATURA - Tempos sombrios

Tempos sombrios eram também aqueles, de 1981. Naquela altura, a linha-dura do regime militar fustigava o governo do general-presidente João Figueiredo, resistindo à abertura política e ameaçando, com seus atos terroristas e manifestações de intolerâncias, a redemocratização do país. Aqui, o governo Alacid Nunes, cujo secretário de Cultura era um comerciante que em suas origens havia sido representante de laboratório, mostrava-se um terreno infértil para a idéia de dar apoio oficial a feiras do livro.

Foi sob esse cenário que um grupo de livreiros, à frente Raimundo Antônio Jinkings e Neiro Rodarte, decidiu realizar a primeira Feira do Livro de Belém, que acabaria empastelada pela Polícia Federal, então a serviço da repressão da ditadura militar. Feita sem nenhum apoio oficial e montada em plena praça da República, a feira seria realizada em um fim de semana, utilizando barracas de campanha ironicamente cedidas pelo Exército. Essa inusitada parceria com o Exército talvez encontre explicação na participação de Neiro Rodarte, politicamente um liberal, no melhor sentido do termo, que seduz pela elegância, com uma urbanidade incomum por esses agrestes trópicos.
Postado por Augusto Barata às 03:08
2 comentários:
Anônimo disse...
Eu lembro dessa iniciativa lá na Praça da República, e também do Neyro e do Jinks tentando implantar aqui em Belém uma feira semelhante a que já havia em São Paulo e Rio de Janeiro. é verdade Barata, não podemos esquecer de como tudo começou.
8 de Novembro de 2009 21:52

Anônimo disse...
OS QUE DESBRAVARAM A FEIRA, INICIARAM UM PROCESSO HISTORICO IMPORTANTE.IMAGINE QUE NAO TINHAM APOIO NENHUM, NEM LUGAR ADEQUADO! E OLHA SÓ, ISSO MOSTRA QUE VONTADE PODE TUDO.ELES FORAM CORAJOSOS.UM BOM COMEÇO AQUELE...MAIS QUE MERECIDO UMA HOMENAGEM.HOJE, A FEIRA TEM INTROMISSÕES POLITICAS DISVIRTUADAS, MAS PELO MENOS CONTINUA.OS PREÇOS É QUE NAO SAO DE FEIRA


LITERATURA - Os perigos do saber

Com os direitos políticos cassados e singrando a atividade de livreiro, após ter sido obrigado a ser feirante para sustentar a família, Jinkings, até o golpe de 1964 um bancário do Banco da Amazônia (do qual foi demitido pela ditadura militar e a ele reintegrado com a anistia, em 1989), deixava a sala de visita de sua casa na rua dos Mundurucus, onde funcionava então, precariamente, aquela que viria a ser a livraria Jinkinks, para se expor publicamente. Sim, porque particularmente no seu caso, vender o saber, uma mercadoria vista sempre com suspeita pelo regime dos generais, implicava riscos imprevisíveis.

Juntamente com ele, participava da empreitada o advogado e jornalista João Marques, o combativo presidente do Sindicato dos Jornalistas do Pará, em uma época em que não havia espaço para posturas dúbias. O dualismo da época, se pensarmos bem, compele ao reconhecimento da dignidade de João Marques, cujas eventuais contradições políticas não obscurecem o mérito de ter tido a coragem se manter sempre, como presidente do sindicato da categoria, à disposição de todo e qualquer jornalista molestado por qualquer tipo de violência e/ou constrangimento. Um triste contraponto ao (patético) presente, vamos combinar!
Postado por Augusto Barata às 03:10

1 comentários:
Anônimo disse...

Com certeza Barata, e a homenagem vai para o filhos,em especial para uma que é juíza e a outra delegada, todas muito competentes e estudiosas, tudo o que um pai espera de seus filhos.


domingo, 8 de novembro de 2009
LITERATURA - Os pioneiros das feiras

As novas gerações de leitores não têm obrigação de saber, pois são parcos os registros a respeito. Por isso convém revelar-lhes os primórdios desse suntuoso evento no qual se transformou a Feira Pan-Amazônica do Livro. E conhecer os personagens da saga que foi realizar as primeiras feiras do livro em Belém.

Em pleno auge da ditadura militar, no início dos anos 70 do século XX, os chamados anos de chumbo, quando - subvertendo o princípio jurídico da inocência presumida - qualquer suspeito era culpado até prova em contrário, Raimundo Antônio Jinkings, livreiro e lendário comunista de Belém, aproveitava o vazio do Grande Hotel, já à espera da demolição para a construção do modernoso Hilton, para realizar, no cômodo térreo localizado na esquina da rua Carlos Gomes, uma incipiente feira, com os livros vendidos a preços populares e dispostos desordenadamente.
Postado por Augusto Barata às 03:13

5 comentários:

Anônimo disse...
Barata, voce quis dizer horroroso hilton...
8 de Novembro de 2009 06:13

Anônimo disse...
so pra aprovritar a deixa(esses é antiga), em icoaraci dois casaroes belos foram postos a baixo pra abrigar uma loja de departa,ento visao e um banco.Os crimes contra nosso patrimonio continum.tudo em silencio
8 de Novembro de 2009 06:15

Anônimo disse...
Barata, com certeza o seu arquivo é poderoso. Só você mesmo para lembrar desses dois pioneiros de feira do livro. Valeu pela sua "memória" e pelo registro.
8 de Novembro de 2009 14:55

Anônimo disse...
Os livros do Jinkings eram realmente muuuuuito mais barato que os preços hoje da Feira, um hooooorrror.
8 de Novembro de 2009 20:01




Mas é oportuno lembrar, como reconhecimento aos pioneiros de um passado sequer remoto, aquelas feiras que lhe foram precursoras, inclusive quando desafiavam o status quo consagrado pela ditadura militar, para que os jovens de agora não desconheçam a importância da oportunidade que lhes é oferecida. Tanto quanto é oportuno reconhecer aqueles que contribuíram em viabilizar as primeiras feiras do livro realizadas com apoio oficial, das quais participavam – ontem como hoje - nomes de expressão nacional da literatura brasileira.

E os nomes desses pioneiros não são tantos, assim, que custe lembrar. Os pioneiros em investir na realização das feiras foram Raimundo Antônio Jinkings (na foto, de pé, à esq., com Ziraldo, sentado, à dir.) e Neiro Rodarte, livreiros que marcaram época em Belém. Jinkings é morto e Neiro abandonou o ramo. Os governos estaduais tornaram-se sensíveis à pregação deles a partir da redemocratização, cujo marco é a eleição direta de Jader Barbalho, do PMDB, como governador, em 1982. A partir daí sucederam-se as feiras dos livros, nem sempre com a regularidade desejada, por conta do vaivém da gangorra do poder.

Postado por Augusto Barata às 03:16

2 comentários:

Anônimo disse...
Gostei, Barata, bem lembrado.
8 de Novembro de 2009 08:05

Conceição disse...
E o Jinkings morreu e os governos nunca fizeram uma homenagem a ele. Êta gente insensível. Homenageiam um monte de fdp e quem merece tá ái esquecido.
9 de Novembro de 2009 23:37

domingo, 8 de novembro de 2009

LITERATURA – A história das feiras em Belém

Em um país onde é lugar-comum se afirmar que o povo não tem memória, não seria fora de propósito supor que do mesmo mal padecem os seus sábios e sabidos.

A pertinente observação, feita pela jornalista Dora Karmer ao comentar os lapsos de memória determinados pelas conveniências dos poderosos de plantão, vem a propósito da recalcitrância dos organizadores da Feira Pan-Amazônica do Livro em reverenciar aqueles que figuram na gênese do evento. A realização da feira, que a propaganda oficial apresenta como a quarta maior do Brasil, merece elogios, naturalmente, e deve ser motivo de orgulho para todos nós, paraenses.

Postado por Augusto Barata às 03:21

domingo, 8 de novembro de 2009

LITERATURA – Memória, uma lacuna a preencher

Sob o signo do governo petista de Ana Júlia Carepa, a Feira Pan-Amazônica do Livro fica devendo uma homenagem aos pioneiros de eventos do gênero no Pará. A exemplo do que ocorreu durante os 12 anos de sucessivos governos do PSDB no Pará, entre 1995 e 2006.

Por isso, reproduzo nas postagens subseqüentes, com as atualizações devidas, uma tentativa de resgate da história de feiras do livro no Pará, datada de 2005 e que remete aos tempos da ditadura militar.

Postado por Augusto Barata às 03:22

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